++ percepção lentamente valorizada do amor brasileiro agreste <:> rito ovariano onírico e negro :x: paixão e sociabilidade dionisíacas comungadas por dona deuSa (sílvia goulart) e o boi arteiRo (marcus minuzzi) <:> a verdade xamânIca da guerra apruma nossas corações antigos e dispostos a tudo contra o fascismo :x: poemas, análises, amores pictografados <:> elegia ao sertão artístico :x:

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

são pAulo

 




nunca o filé,

o filé, nunca ::
se não paro
e me centro,
só como
a carne do osso,
as sobras,
aquilo que são paulo
apenas deixa ::
só,
são paulo ::

e bento,
ungido
por tua
música
atroz ::
são paulo
capital produção ::
são paulo
dos motoboys
ifood ::
são paulo briga comigo
e me obriga
a entender
sobre como fazer
geral um pirão,
queijo
com goiabada,
forjar das sobras
com feijão
uma da boa
feijoada,
uma da boa
com feijão,
fonte
de ferro ::
sem erro
algum
de comunicação,
são paulo,
meu país,
meu extrato,
meu saldo
bancário ::
virei gado
real,
de uma
procissão
de piratas
de um
ex-cruzeiro
marítimo,
da via
sagrada,
quilombo
navio
negreiro ::
::
são paulo
me concentra ::
sem ela,
não pinto,
não bordo,
não entendo
o conteúdo
ameríndio
e de mãe
africa ::
são paulo
me contenta ::
nunca o filé,
sempre
as sobras
para o meu
jantar de
escravo
olho
brasileiro
bento
aberto ::
e assim
preparo
meu tempo,
já que antes
assassinaram
meu tempo,
já que vivo morto,
morto vivo,
andarilhando,
voejando,
encontrado
pela solução
em metal
precioso
que
recobre
o corpo
qual
vaso
ou tesouro
achado,
no fundo
do mar
achado,
uma
relíquia
eu sou,
o malandro
atávico
bendito ::

domingo, 8 de outubro de 2023

traBalho

 



acho que meu verde desejo por mãos boas, fartas, generosas, e que meu sonho por pés ligeiros, que me coloquem sempre a serviço de alguma arte valorosa, vem da complicada situação pela qual o crime nos acompanha, sempre, o tempo inteiro, seja ele qual for ::


aquilo que enternece faz o crime se evadir, o suspende nem que seja por alguns
momentos sagazes, de compreensão então ainda mais aguda do quanto somos propensos ao erro ::

no mundo, tudo está para ser roubado, mantido, capturado, até que se satisfaçam porções de desejo, muitas vezes ocultas ::

e sonho porque corro, e coloco e passo o dedo por pinturas que revelam uma impressionante face produtora de sentidos, uma máquina de sentir que nos torna maiores, a cada momento, sempre pulsando, e sinto vergonha, sinto medo, sofro ataques, saqueio impérios, sou o longo sofrimento da raça humana em busca de uma nação calma e prazenteira, onde tudo é trabalho, e o trabalho é de fato um final coletivo, ardorosamente coletivo, um final ardorosamente coletivo para nosso sofrimento ::

terça-feira, 25 de julho de 2023

a complexidade do real, sua intrincada rede de relações, pode ser melhor assimilada na medida mesma em que desenvolvemos uma rede semelhantemente complexa de relações a partir de nossas voracidades linguísticas ::  por exemplo: numa riqueza de detalhes de uma composição bem tecida, em uma obra musical, encontramos um meio para, por analogia e força da imaginação, desbravar a rede complexa do real :: para, por conta desses recursos, não recair em imprestáveis simplificações ::
ou, por outra: uma subjetividade rica eriquece a chance de melhor interpretarmos o real, pois nos abre uma percepção onírica tamanha que nos aproximamos do próprio sonho leve das categorias divinas que nos legam essa pesada estrutura complexa - o real - envolvendo matéria e tempo, tempo e matéria, ontologias vitais de sexo e competição, sangue, ossos, metais, morte, espumas, alucinações ::



e se falássemos como um japonês? :: assumindo uma língua distante da normal, soando estranho igual como um oriental? :: assumindo aspectos da brasilidade que talvez nunca tenham sido incorporados à identidade comum do povo, ou que jazam esquecidos :: a música dos seringais, os toques do pantanal e do cerrado, tudo que faz parte de uma imensa cultura popular :: ainda é possível sonhar com essa espécie de torta ou bolo, confeitada por nossa sede de ser?

((17 maio 2020 ++++

o amoR alimenTA o poeMa

1. A moça comigo brinca na relva. Estou bento iluminado  Com o membro  Amando tesouros míticos. O segredo é peniano. Ora a moça numinosa. A ...

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