devagar, lento, demorado :: eu produzo assim meu contato com o carinho divino augusto angelical :: lento é o respirar do axé, a cortina espessa das sentinelas que guardam os caminhos até o alto pede tudo com vagareza :: brincar produz químicas chaves de destrancar ruas, coletivas ruas, químicas chaves que são minúcias decifradas com paciência dolente e amorosa ::
a nEgra amA jeSus
++ percepção lentamente valorizada do amor brasileiro agreste <:> rito ovariano onírico e negro :x: paixão e sociabilidade dionisíacas comungadas por dona deuSa (sílvia goulart) e o boi arteiRo (marcus minuzzi) <:> a verdade xamânIca da guerra apruma nossas corações antigos e dispostos a tudo contra o fascismo :x: poemas, análises, amores pictografados <:> elegia ao sertão artístico :x:
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025
sexta-feira, 13 de outubro de 2023
são pAulo
nunca o filé,
o filé, nunca ::se não paro
e me centro,
só como
a carne do osso,
as sobras,
aquilo que são paulo
apenas deixa ::
só,
são paulo ::
só
e bento,
ungido
por tua
música
atroz ::
são paulo
capital produção ::
são paulo
dos motoboys
ifood ::
são paulo briga comigo
e me obriga
a entender
sobre como fazer
geral um pirão,
queijo
com goiabada,
forjar das sobras
com feijão
uma da boa
feijoada,
uma da boa
com feijão,
fonte
de ferro ::
sem erro
algum
de comunicação,
são paulo,
meu país,
meu extrato,
meu saldo
bancário ::
virei gado
real,
de uma
procissão
de piratas
de um
ex-cruzeiro
marítimo,
da via
sagrada,
quilombo
navio
negreiro ::
::
são paulo
me concentra ::
sem ela,
não pinto,
não bordo,
não entendo
o conteúdo
ameríndio
e de mãe
africa ::
são paulo
me contenta ::
nunca o filé,
sempre
as sobras
para o meu
jantar de
escravo
olho
brasileiro
bento
aberto ::
e assim
preparo
meu tempo,
já que antes
assassinaram
meu tempo,
já que vivo morto,
morto vivo,
andarilhando,
voejando,
encontrado
pela solução
em metal
precioso
que
recobre
o corpo
qual
vaso
ou tesouro
achado,
no fundo
do mar
achado,
uma
relíquia
eu sou,
o malandro
atávico
bendito ::
domingo, 8 de outubro de 2023
traBalho
acho que meu verde desejo por mãos boas, fartas, generosas, e que meu sonho por pés ligeiros, que me coloquem sempre a serviço de alguma arte valorosa, vem da complicada situação pela qual o crime nos acompanha, sempre, o tempo inteiro, seja ele qual for ::
aquilo que enternece faz o crime se evadir, o suspende nem que seja por alguns
momentos sagazes, de compreensão então ainda mais aguda do quanto somos propensos ao erro ::
no mundo, tudo está para ser roubado, mantido, capturado, até que se satisfaçam porções de desejo, muitas vezes ocultas ::
e sonho porque corro, e coloco e passo o dedo por pinturas que revelam uma impressionante face produtora de sentidos, uma máquina de sentir que nos torna maiores, a cada momento, sempre pulsando, e sinto vergonha, sinto medo, sofro ataques, saqueio impérios, sou o longo sofrimento da raça humana em busca de uma nação calma e prazenteira, onde tudo é trabalho, e o trabalho é de fato um final coletivo, ardorosamente coletivo, um final ardorosamente coletivo para nosso sofrimento ::
terça-feira, 25 de julho de 2023
ou, por outra: uma subjetividade rica eriquece a chance de melhor interpretarmos o real, pois nos abre uma percepção onírica tamanha que nos aproximamos do próprio sonho leve das categorias divinas que nos legam essa pesada estrutura complexa - o real - envolvendo matéria e tempo, tempo e matéria, ontologias vitais de sexo e competição, sangue, ossos, metais, morte, espumas, alucinações ::
e se falássemos como um japonês? :: assumindo uma língua distante da normal, soando estranho igual como um oriental? :: assumindo aspectos da brasilidade que talvez nunca tenham sido incorporados à identidade comum do povo, ou que jazam esquecidos :: a música dos seringais, os toques do pantanal e do cerrado, tudo que faz parte de uma imensa cultura popular :: ainda é possível sonhar com essa espécie de torta ou bolo, confeitada por nossa sede de ser?
quarta-feira, 12 de janeiro de 2022
feliZ sou sonHando
é pedra, é pedra, é muita pedreira :: o bRasil não foge à regra de qualquer país da amÉrica latina, sendo talvez uma espécie de carro-chefe da região, em termos de destino espinhoso, obstáculos, grandes dificuldades a serem vencidas ::
ora, nossa base é, como no resto da américa, a abissilidade da escravidão, seu aspecto profundo e, por que não dizer, inesgotável ::
não acaba, não acaba nunca :: estar aqui, vivo, é manter-se atado aos esquemas de um imperialismo nórdico que sobrevive, e se reconstrói :: a par disso tudo, eu sou feliz :: "tô sonhando, mas eu sou feliz", ensina um samba gravado por beth carvalho ::
a reflexão, aliás, vem por conta desse samba, que ouço distraidamente, por acaso, na fila do pão, enquanto trabalho, no chuveiro, no ônibus, colado a meu aspecto mediúnico, indígena, candomblecista ::
tô sonhando, mas eu tô feliz :: e o moleque se arruma e vai engraxar sapatos ou vender chicletes, enquanto samba :: é o nosso destino, enquanto a bandeira brasileira, hoje bastante gasta mas verdejante, é hasteada no cabo de uma vassoura, de um esfregão, de um cabo eletrônico de uma lan house de bairro ::
tô sonhando, mas eu tô feliz :: o que arlindo cruz, um dos compositores do samba, ensina, é que sem a sabedoria ancestral da cabeça distinta brasileira aqui formada, forjada por séculos de ansiedade escrava e trabalhadora, mais escrava do que trabalhadora, não tem como prosseguir em frente, pois é muito pedreira :: a pedra sagrada, de certo modo, que não nos atormenta, porque somos mais que astronautas navegadores, somos a boa nova da civilização ocidental ::
e a vida dá voltas, e essa verdade volta, como um bebê ocidental jogado em nosso colo :: é a nossa identidade :: caetano veloso está quase completando 80 anos :: essa foi a primeira e mais forte verdade que vislumbrou em seus desvios poéticos, na distante década de 60 do século XX :: mas que o visita sempre e novamente :: a ponto de gravar em seu último disco, "meu coco", que "sem samba não dá" ::
é a mesma coisa :: tô sonhando mas eu sou feliz :: o bRasil não se escreve com tinta, mas com sangue e essas alegrias intensas das etnias de marginais que não se contentam com a alegria do básico alegre sangue ocidental europeu ::
há uma larga avenida que nos apascenta, como no antro dos carnavalescos em seus recitais de úmida visita ao mito ativo nosso brasílico :: e eu sou paz para o planeta, quando nisso ancora minhas esperanças dionisíacas e orientais ::
segunda-feira, 8 de novembro de 2021
coziNhadinha
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Cozinha, cozinhadinha.
Eu sei como se faz. O amor excede às beiradas do prato.
A cada bocado sente o que está escrito nessa oferenda minha.
A comida apascenta os ânimos, acolhe e dá fé.
+ sílVia goulArt, a dona dEusa ||:
segunda-feira, 5 de julho de 2021
árvoRe-etniA
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a gente resiste em aceitar o bRasil, por ser essa uma nação vinculada à escravidão (africana) e ao genocídio (indígena) ::
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por ser o paíS um holocausto, produtor de, não somente vítimas, mas também grande acúmulo de riquezas apropriadas por não-brasileiros ::
sem falar no hábito internacional de exploração de nossas riqueZas naturais :: nossa casa invadida e espoliada, agredida, violenTAda, saqueada ::
mas justamente por essa soma de tragédias é que a brasilidade realiza seu ímpeto de expansão, crescendo por sobre as pessoas vagarosamente, impondo-se sem que ninguém perceba ::
na ligação com volatilidades que tanto mais nos protegem, quanto maior o perigo que corremos, é que o valor de nossa essÊncia digna cresce :: <<>> <<<<>> < ++++++++ como pombas, somos ofertados :: em um pedestal que mistura sacrifício, ritmo e raciocínio, crescemos enquanto a árvoRe-etnia que broTa da relVa selvaGem em sangue ::
entendo a brasilidade como a resposta a uma soma de agulhas, arpões, espinhos cravados em todo corpo, pois nossa realidade é pontiaguda, abrindo uma ferida sensíval da qual aflora tudo o que somos e sabemos enquanto povo ::
todo mundo quer ser ou inglÊs ou americano, ou japonês ou coreano, ou só afriCAno ou só indígena :: todo mundo quer se livrar do país dos massacres nas favelas e na floresTA, do país do holocAusto carcerário e das milíciAs assassinas, do país que elegeu bolsOnaro com o espantoso apoio das pessoas comuns e da classE dominante :: mas a verdade civilizacional que une a todos (os brasileiros) em um único laço de bondade e <<>> <<<<>> <
<<>> <<<<>> <renovação é mais forte que essas resistências todas ::
no limite, vale tão somente a obRa coletiva :: e essa obRA, definitivamente, é o que deve orientar nossas buscas por redenção <<>> <<<<>> <e felicidaDE ::
marCus minuzzi, boi aRteiro ::
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![]() |
++ há muitas vezes na alma recôndita do mundo uma luta contra o bem, que é pela destruição da inocência infantil >++> |
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A psicologia do orgiástico como sentimento transbordante de vida e força, no interior do qual mesmo a dor age como estimulante, deu-me a chave para o conceito do sentimento trágico (...) O dizer Sim à vida, mesmo em seus problemas mais duros e estranhos; a vontade de vida, alegrando-se da própria inesgotabilidade no sacrifício de seus mais elevados tipos – a isso chamei dionisíaco. <<>> <<<<>> <niEtzsche ++
domingo, 23 de maio de 2021
o amOR
quinta-feira, 22 de abril de 2021
uniVerso vasculaR
casando :: "traz no bico um galhinho", canta tetÊ :: trazer as roupas dela, as caras delas :: texTos dela :: faixa "trigo do amor" ::
@@
as boninas sobre os monturos :: cada fio na rede tecida, verbo-músico-visual, é uma bonina sobre o monturo ::
sem monturo, não há perfume da bonina ::
quarta-feira, 21 de abril de 2021
o bRasil e seus bRasis
Vestido puído, canelas finas.
Franzinas silhuetas destas mães: do craque, do lixo, da rua e da quebrada.
Mães velhas e mães meninas, perdidas pelos cantos; casa-de-papelão.
O Brasil e seus brasis, uma fonte transgressora de oprimir e renegar sua "bunda suja".
A pobreza é feia, agride, irrita: "cheias de filhos", crianças pobres, sinal, pedra e balinha.
A elite brasileira é o pai e a mãe da sujeira e da falta de pão. O pai e a mãe dos prostíbulos judiciais.
A suruba continua dando cria e oprimindo as mães franzinas, sujinhas e desconfortavelmente, indecentemente incomodativas!
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><> sílviA gouLart, donA deuSa :: ++
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+>+
outro dia assisti a "tancredo - a travessia", de sílviO tenDler, belo documentário que biografa a trágica
figura de tancredo neves e sua contribuição para a ideia de uma prática política institucional conciliadora no bRasil,
em contraste com a triste realidade atual :: o filme mostra como o político mineiro foi o principal artífice
das negociações necessárias para o fim da ditadura militar, em 1985, antes de falecer impedido de tomar posse (em um 21 de abril, há exatos 36 anos0,
e do quanto todas essas negociações, em um contexto altamente complexo, exigiam habilidades
nada vulgares de diálogo e articulação entre diferentes setores da sociedade ::
+>+
assistir ao filme, ao mesmo tempo, para mim reforçou a ideia de que o destino no bRasil é sua virada lenta e inevitável em direção
à esquerda, ou a uma maior justiça social, como queiram :: presidentes como getúlio, juscelino, jango, tancredo, luLa e dilMa expressaram
forças que sempre se apresentaram com grande contundÊncia ao longo da história de nossa república,
precisando, devido à sua alta legitimidade, serem dramaticamente atacadas por tradicionais inimigos da
democracia :: o popular, no bRasil, é geral, maior e amoroso, por representar uma resistÊncia de alta vitalidade, que se desenvolve e se renova com
grande tenacidade, como uma videira milagrosa, que nunca para de medrar e gerar frutos :: a chegada do PT ao poder,
e sua conquista de quatro eleições precidenciais seguidas, comprova essa verdadeira iluminação humanizadora ::
+>+
o caso de luLa (preso e impedido de candidatar-se), de certo modo, acabou concretizando também o destino de líderes como getúlio e tancredO, que dedicaram
e sacrificaram suas vidas pelo país, cumprindo o destino de verdadeiros mártires :: como negá-lo? :: todos eles foram estadistas de fato, os maiores que
país já teve (ou ensaiou ter, no caso de tancredo) representando a cultura e o destino de uma pátria poderosamente vocacionada
à liberdade e à justiça social, mesmo que a duras penas :: todos eles exímios negociadores, reforçando
a hipótese do país cordial, e ao mesmo tempo contrariando o senso comum que nega, alienadamente, esse mito fundador da bRasilidade ::
líderes como tancredo sonham com o enobrecimento de nossa realidade porque são sonhados
pelo conjunto da coletividade, desde o desejo inconsciente mais profundo da nação :: ouvir essa canção,
que soa ininterrupamente em nosso imaginário, esforçar-se por ouvi-la e mantÊ-la soando, é uma atitude concreta
que podemos ter em favor da real e efetiva independÊncia do bRAsil ::
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><> marCus minuzzi, boi arTEiro :: ++
"Se nós estamos vivendo esse tempo de total imprecisão até no sentido da experiência de viver, a arte se constitui no lugar mais potente e mais provável de se constituírem novas respostas e novas perguntas para o mundo que nós vamos ter que dar conta daqui pra frente." >< ailTon Krenak
domingo, 28 de março de 2021
simpLes
Simplicidade é coisa de Deus. Todos os dias busco esse olhar para seguir em frente.
aqui, nesse espaço, tenho minhas alucinações, que misturam feijão, arroz, milho, aipim, um pouco de sangue, mais moléculas que são abrandadoras do tempo, esse vento voraz que nos consome ::
o amoR alimenTA o poeMa
1. A moça comigo brinca na relva. Estou bento iluminado Com o membro Amando tesouros míticos. O segredo é peniano. Ora a moça numinosa. A ...
