++ percepção lentamente valorizada do amor brasileiro agreste <:> rito ovariano onírico e negro :x: paixão e sociabilidade dionisíacas comungadas por dona deuSa (sílvia goulart) e o boi arteiRo (marcus minuzzi) <:> a verdade xamânIca da guerra apruma nossas corações antigos e dispostos a tudo contra o fascismo :x: poemas, análises, amores pictografados <:> elegia ao sertão artístico :x:

domingo, 13 de outubro de 2019

iemanJá

Qual é o perigo do mar?
A onda que me pega,
Iemanjá vem me salvar.
Estou ancorada e úmida!
Solta!
A onda minha.
Minha onda.
Sereia do mar.
Errante sou.
Navego altiva.
Minha santa,
Não nega!
Ando a coroar estrelas,
Sou sereia do mar.
Brinco em teus castelos.
Afundo e habito corais.
Iemanjá vem me
Buscar.










uma feminista na igReja





"Para poder viver, os gregos, impelidos pela mais imperiosa necessidade, tiveram que criar esses deuses; devemos imaginar isso, sem dúvida, como um processo em que esse instinto apolíneo de beleza foi desenvolvido em lentas transições, a partir daquela primitiva ordem divina titânica do horror, a ordem divina da alegria: da mesma maneira que as rosas brotam de um arbusto espinhento."

(( NIETZSCHE. Friederich. O nascimento da tragédia. >+<


sábado, 21 de setembro de 2019

faço eu mEsma o doce de cOra

++ :: a tonalidade aMorosa recobre a margInal poeTA :://

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Faço eu mesma
O doce de Cora.
Amplio as linhas...
Mestra, divina flor.
Ensina a me ensinar
O teu córrego puro
Onde lavavas teu
Colo, teu comer.
Aprimorar o doce
Com perfeição buscada
Como inspiração de ontem,
De outros tempos.
Quem dirá, meu Deus,
Quem dirá?
De onde venho e
Como me “abanquei”
Aqui?
Esparramada neste centro,
Meu sul, agora oeste, leste,
Sou do Brasil.
E sinto que meu berço
É o mundo, adoçado,
Cozinhado, esculpido
Em pedacinhos de doce.
Insisto no ofício de
Confeitar.
O que nunca fui.
Sempre fui sal.
Assim, descobri
Meu doce.
Faço eu mesma
Meu tacho
De cobre,
Meu trocado.
Se quiserem,
Paguem primeiro,
Que eu vivo
Da arte
De dizer,
De cantar,
De pintar,
De confeitar.

>> poR sílVia gouLart, a donA deuSa  



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planTa: andiRoba


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prefiro o carroceiro e sua carroça 
ao ricaço com sua caminhonete :: 
nada revela mais a verdade de tudo, 
a verdade que mora escondida, 
do que a humilde humildade, 
a humildade mais impetuosa 
que possa existir :: 

nessa minha busca por sentidos 
ocultos, ricos e preciosos-precisos, 
entendo a coleção de possibilidades
existenciais que me deixam 
amável e livre: a recusa a ter razão, 
a recusa ao charco representado pelo dinheiro, 
a recusa
que me enche
de louros à popularidade,
a recusa a querer possuir poder 
sobre objetos-pessoas,
fenômenos-sócio-culturais ::
a recusa a calcular e projetar vitórias, e 
tão somente vitórias, 
em um mundo tão importunado por injustiças
perpetradas por tão-somente vencedores ::

quero ser o caboclo cor de terra,
cor de areia, 
mascador das sementes do girassol ::
minha dor do mundo está aqui, 
e serena mediante essas formas 
tranquilas de doação e de formação de integridade, 
de amor e de panteísmo nacionalista-brasileiro ::

++ por maRcus, o boi aRteiro \<\>/</


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artE:: bye bye bRasil


"Pode ser considerado como um dos marcos últimos das 
representações sobre o nacional-popular tal como 
expressas pelo Cinema Novo desde o início da 
década anterior, mesmo com diferenças 
quanto aquele." >< sobRE o filme de cacÁ dieguEs, em: magiadoreal 


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"A crise final da escravidão, no Brasil, deu lugar ao aparecimento de um modelo novo de resistência, o que podemos chamar quilombo abolicionista. No modelo tradicional de resistência à escravidão, o quilombo rompimento, a tendência dominante era a política do esconderijo e do segredo de guerra. (...) Já no modelo novo, o quilombo abolicionista, as lideranças são muito bem conhecidas, cidadãos prestantes, com documentação civil em dia e, principalmente, muito bem articulados politicamente."

Eduardo Silva+++>



quarta-feira, 14 de agosto de 2019

mise en place cAboclo

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Sigo a sina da mulher
Que não se esquece de rezar
O credo brasileiro.
Tenho as pernas quentes e as mãos
Ardidas, com fissuras e marcas de trabalho
Fino, amoroso  e colossal.
Um prato de comida para ofertar todos os dias.
Um tempero rústico de  aroma vegetal
Com carne e pimenta.
O amor em gotas de sal.
Assim sou:  úmida e forte,
Pés meio tortos e pernas grossas
De mães  de colo macio.
Assim sou:   puro azeite e farinha, milho e coentro.
Mise en place caboclo.

++ sílVia >< a donA deuSa ++




                             
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comida e soCiedade: signifiCAdos 
sociais na hisTória da aliMentaçÃo: ágoRa


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artE: nicasiO luna





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quero pintar minha bandeira,
terra santa em seu cavalo,
levando astrologias de música pop,
para regar novas utopias
e lavar todo sangue dos meninos ::
seremos como a força dos milênios
de cinema, música ou poesia lírica ::
salve jorge, salve o reggae,
o rock, o soul ::
salve o amor com que
nos brindam a força de
cabelos revoltos,
astúcias de picadeiro,
organizações psicodélicas,
antologias de inspiração xamã ::

texTo :: <> marCus ++ o bOi arTeiro




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maria-preta-de-bico-azulado: apArados da sERra


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"Nesse longo processo, somente os indígenas perderam. A Guerra Guaranítica - assim chamada em referência a maior etnia presente nos Povos - constituiu o ato que levou ao fim de um sistema fundamentado no patrimônio coletivo do povo, submergindo grupos humanos na paupérrima posição dos estratos subalternos da população da América meridional. As famílias extensas que se mantiveram no modo de vida tradicional continuariam o doloroso processo de luta até a atualidade pelo reconhecimento dos direitos às suas terras, às suas memórias e ao seu patrimônio cultural."

 ((GOLIN, Tau. A guerra guaranítica: o levante indígena 
que desafiou Portugal e Espanha.
 São Paulo : Terceiro Nome, 2014, p. 21. >+<






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                                 relicÁrio ::



sexta-feira, 10 de maio de 2019

a feminilização do patriArcado

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só o machismo me impede de ser feliz :: o machismo fora de mim e, o mais danado de todos, o machismo interno,

que me enche de preconceitos, mascarados de outras coisas :: o patriarcado nos
governa,

até o último recôndito da alma :: perceber isso é fazer a revolução :: a revolução, por
conseguinte, é

revelar a si e ao mundo uma perspectiva feminina, para contrabalançar tal padrão :: para um homem, heterossexual, é dificílimo

adotar a segurança existencial que o feminino proporciona, e que tende a tornar a masculinidade algo mais generoso e prestativo,

porque livre de seus instintos de autopreservação, que sempre acabam degenerando em coisas absurdas, como o

atual nível de desagregação social, de viés neofascista ::



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o masculino para enquanto pensa, e isso é forte ::
 mas o feminino espalha graça enquanto  
voa, e isso é mais sublime e encantador::
((imagem: pintura d'A nEgra e bandeirA nacioNal >>

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na senda dessa perturbadora verdade, estrategicamente entendo que não quero derrubar capitalismo nenhum ::

quero é revirar minha alma pelo avesso para expurgar essa herança legada por modelos de ser homem,

que, quando vejo, estão ressoando em nosso íntimo, expandindo quase incontrolavelmente uma miríade de soluções

para a vida prática que trazem embutidas em si a submissão de mulher, seu enfraquecimento, a tessitura

de uma domesticação feminina absolutamente maléfica para o desenvolvimento humano :: poderia me rebelar contra sujeitos


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filmE :: árido mOvie

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concretos, pessoas do sexo masculino de meu entorno, mais ou menos imediato, mas percebo que o resultado

desse testemunho seria impreciso, pois o nome da situação é outro :: a beleza que radica na base de toda e

qualquer forma de cultura ou civilização é que expande o universo :: é ela que nos aproxima da verdade ::

o sentido do patriarcado deve ser compreendido, deve ser levado em conta e a sério, e a evolução em direção a uma nova forma que amenize

suas dores requer acima de tudo uma vontade artística, que por sua vez sinta-se beijada pela alma do mundo :: no chão

de qualquer cultura está o mito que expande os reflexos desse amoroso contato :: por isso, a cultura brasileira

é a verdade pela qual devemos lutar, enquanto sonho de patriarcado melhor resolvido, fazendo contraponto

a esse delírio psicótico do mito da nova extrema direita mundial :: a sempre mal compreendida cultura brasileira,

diga-se de passagem, por sua elevada relação com a brincadeira, com a ludicidade (como fica nítido no caso

de nossas duas estampas mais conhecidas mundo afora, o futebol e  o carnaval) ::



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:: o bRasil, na verdade, nasce como que amaldiçoado, ao portar tanta relação com o amor e a verdade existencial intrínsecos ao humano ::

por sonhar e confundir-se com o paraíso :: ao assim ser, atrai as maiores vontades de se ter destruído seu império que não

quer a ninguém escravizar, mas apenas libertar :: não é de se estranhar, em função disso, a força com que o nazismo aqui renasceu ::

++ pOr: marCus minuzzi <<o boi arTEiro))



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planTa :: irokO, a árvoRe ancesTral

   
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terça-feira, 23 de abril de 2019

oRa pro nOBis

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Ora pro nobis.
Conta pequena,
Ora por nós.
Pequenas meninas
Do silêncio,
Da sutileza,
Da hora das virgens,
Pequenina onda
Que nasce em Roma
E cresce entre as
Pedras da serra santa.
A luz do candeeiro
“Alumeia” nosso
Ventre habitado
Por flores cheirosas
Cheias de espinhos.
Alivia as dores
De nossos pés
Secos, machucados,
Cheios de fendas.


 pequenAs meninas da hora das virgEns :: <<pintuRa :: sílVia))


A miragem
Coberta
Pelo véu de seda
Esconde a janela
Da dama
Cor de bronze.
Ora pro nobis.
Benze quebranto,
Quebra feitiço,
Unge teu pranto,
Que somos
Continhas miúdas
A reluzir no oceano.
Água que verte,
Que corre em direção
Ao rio dos prazeres.



planTa :: aroEira

Acorda, Maria.
Teu santo cresceu.
Teu ventre de ouro
Abriu a comporta
Do mar.
Conchas, estrelas,
Cavalos-marinhos.
Escuta a manhã,
Banha-nos com teu
Silêncio.
Boa alvorada,
Te encontro
Na fonte.
Meu pássaro
Guerreiro é
Teu sábio retirante.
Abençoa meu nome.
Ora pro nobis.

++ sílVia >< a donA deuSa ++




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artE :: nelson angelO






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sábado, 13 de abril de 2019

o amoR alimenTA o poeMa

1.
A moça comigo brinca na relva.
Estou bento iluminado 
Com o membro 
Amando tesouros míticos.
O segredo é peniano.
Ora a moça numinosa.
A puta brincando serena.
A musa aleita a densa alegria.
Rapaz admirando a generalidade
Onde o santo goza.
A noiva ornada de brasileira,
Antiga, infinita rua.

++ marcus >< o bOi arTeiro ++




++a noivA ornada de infInita ruA >< ((pinTura :: sílVia))


2.
O moço pintado de ouro desvenda
Minha selva quente e luminosa.
Ó antigo rei ornado 
De espada e punhal ferozes.
Amantes de belos cortes,
São loiros de porte altivo,
Olhos de arcanjos
De perfeita forma.
Sois meu par.
Meu adocicado bento fruto. 

++ sílVia >< a donA deuSa ++


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planTA :: cutiEira

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artE :: volPi 

quarta-feira, 10 de abril de 2019

agríCola



++ no agrário se funda a cultuRA >< ((imageM :: sílVia pintando))



a vida revigora-se a cada ternura evocada pela difícil arte da antropofagia :: como é difícil unir-se
ao outro :: 

a instabilidade dessa formosura é <+>  forte e letal :: completa, mítica, algo impossível de ser quebrada ::
nada, no entanto, é

mais recompensador do que obter tais possibilidades renovadoras, que devem
ser malhadas ao infinito, 

re-trabalhadas <+> incansavelmente, sob a orientação de pétrea disciplina,
sob o sol escaldante 

de um deuS agrícola <+> e sentiMental, visceral, aboiador e condutor de visões
sonoras amaciadas

pelo valor de um inestimável vinho  :: nada,
portanto, é 


avE :: picapauzinho-verde-carijó

tão importante quanto o avançar <+>  dessa orientação que respeita a cultura e venera o mito,
venera a profundidade

do ser essencial :: venera a própria grande dificuldade da fusão, orgullha-se
da dificuldade que irá

proporcionar esse grande prazer, o <+>  prazer do amor amanhecido contemplado
no refazimento, no projeto

do amalgamar-se :: no agrário se funda a cultura :: na costura :: na ritmada
produção do ciclo :: 

no incansável projeto :: no deus 
metrificado, homérico, potente homem, dioniso ::  

texTo :: <> marCus ++ o bOi arTeiro



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arTe ::  erik saTie


o amoR alimenTA o poeMa

1. A moça comigo brinca na relva. Estou bento iluminado  Com o membro  Amando tesouros míticos. O segredo é peniano. Ora a moça numinosa. A ...

as mais visiTadas